terça-feira, 12 de janeiro de 2016

FELIZ ANO NOVO

Onze de Janeiro de 2016
- Feliz ano novo!
Há exato um dia eu estava evocando o nome de quem acabara de me desejar felicitações por um ano que já não era mais tão novo assim. Eu podia supor suas intenções, já que não existia entre nós nenhum interesse ou vínculo que não fosse carnal desde a primeira vez que, de fato, puis meus olhos em cima dele.
- Passei mesmo para deixar um beijo.
Eu só conseguia conceber a imagem e o toque daquela boca macia passeando por todas as partes habitáveis do meu corpo enquanto apertava com uma das mãos tudo que fosse palpável em mim sem soltar a outra dos meus cabelos, assumindo o controle que no fundo eu sabia que era meu.
A minha resposta deve ter sido qualquer coisa como "igualmente e obrigada pelo beijo". A parte boa dessa retórica clichê é que o destinatário da minha mensagem sabia exatamente o que havia por detrás daquela coisa qualquer que ele recebera como resposta. Trocamos uma dúzia de palavras convenientes que quase colocaram nossa conversa em um nível "sóbrio, comum e casual".
- Vontade da sua boca me lambendo.
- Não diga isso.
- Pois é.
- Pois é.
- Dito isso, você tem o endereço.
- Sim, eu tenho.
Era quase noite de uma segunda-feira e que maldito dia! Aliás, que maldito carro eu comprara! De quem foi a ideia de comprar um carro com o final da placa 1? O rodízio tinha acabado de retornar de seu período sabático de férias. Sim. Naquele exato dia. E como eu já supunha, não tínhamos tempo para nos dar ao luxo de ter um encontro em um horário combinado, com direito à barba, cabelo e bigode. Assim como a vontade de rasgar desesperadamente as roupas dele com os dentes logo após o "oi, tudo bem?", o tempo também era desesperado e não nos permitia tais regalias. 
Eu já estava a caminho do banho um pouco antes do inflamável "vontade da sua boca me lambendo". Acabei por fazer o que já estava nos planos. Me lavar e aproveitar toda aquela água quente caindo nas costas para lembrar do pau-modelo-dos-objetos-fálicos-da-cidade-de-Pompeia-o-qual-eu-gostaria-de-ter-um-molde-para-encomendar-um-de-silicone-só-para-mim em todas as suas performances hollywoodianas e todos os seus ângulos que enchiam os olhos (e todo o resto) de tesão. E o gosto daquele pau? Era algo como néctar dos deuses misturado ao cheiro de condicionador que vinha dos cabelos dele e tomava seu corpo por completo. E sim, eu demorei um pouco mais no banho do que devia. Eu me decidira mas não havia dito a ele nada a respeito. A verdade é que não me surpreendi quando ele assumiu a postura de quem não precisava de uma resposta certa, mas que sabia que meia dúzias de palavras suas reafirmariam o que já estava certo para mim.
- Vem gostosa, cheirosa. Vem. Eu gosto.
- Vou.
- Eu quero te comer inteira hoje!
- Vale uma multa de trânsito?
- Vale.
Eu sabia que valia muito mais do que trinta e cinco pontos na carteira, um carro apreendido e quatro pneus furados. Só não quis dar o braço a torcer. 
Qualquer roupa servia. Bati a porta do carro e devo ter ouvido meu carro cantar pneus de alegria ao sair de casa. Vinte e cinco minutos e eu estava lá. Meu cheiro chegou antes.
- Entra quando chegar.
Assim que encostei a mão na porta entreaberta para empurrar, ela foi puxada por dentro e em uma sala escura ouvi um "oi" enquanto assistia minha camiseta sumir e minhas mãos correrem para o fecho do jeans dele. "Tudo bem?" e eu estava sem óculos, ele sem calças e uma força maior tentava arrancar meu shorts das maneiras mais improváveis possíveis. "Muito bem, e você?" ele estava sentado no sofá e eu estava no meio de suas pernas salivando pelo pau duríssimo guardado na boxer branca. Meus dedos brincavam sobre o formato que se desenhava no tecido da cueca enquanto ele emaranhava os dedos nos meus cabelos e gentilmente forçava meu rosto em direção ao caminho que já constava nos planos. "Tô bem... você é safada..." passava minha língua por toda a parte que pudesse se chamar de pau, esfregava-o em meu rosto sem tirar os olhos dos olhos dele que jamais parei para prestar atenção na cor. Engoli aquilo tudo até onde dava e me sentia orgulhosa por saber que ele nunca entraria por inteiro em nenhuma boca por ser magnificamente enorme. Eu o masturbava e chupava enquanto acariciava suas bolas e morria de prazer com seus gemidos de satisfação. "Gosto do seu pau, você sabe..." mãos firmes me agarraram e jogaram de quatro no sofá. "Quero comer você toda!" Essa foi a frase que antecedeu uma estocada incrível que me deixou com os sentidos confusos por alguns segundos. Então outra. E outra. Rápidas. Precisas. Já estávamos no quarto. Já éramos cavalo e cavaleira. Ele me interrompia a todo instante na ânsia de não gozar e eu pirava no transe de ouvir os gemidos e gritos dele os quais imploravam para que eu parasse. "Eu quero gozar na sua boca", ele disse. "Na minha cara" eu disse. "Eu gosto que você beba". "Eu gosto de assistir você gostar".
Doce na minha boca. Trinta minutos depois do "oi" eu estava no carro a caminho de casa.