e os gritos,
desesperados,
ensurdeçam os acordados,
que o caos se instale em toda parte,
que os ventiladores emperrem
no verão de Dubai,
que as baratas vivam
e que o mundo inexista,
assim como os micênicos,
assim como você.
não importa.
que as buzinas dos carros desparem
e nada as interrompam
e as sirenes das ambulâncias
enlouqueçam a cidade
procurando por ninguém.
não importa.
que as dores entre as costelas
permaneçam anestesiadas,
mas ali,
pulsantes.
e que o frio na barriga da tristeza
congele tudo o que restou de nós.
não importa.
que as flores nasçam,
morram,
que os dias passem,
em branco,
sem fome,
sem sede,
sem recordação.
não importa,
não enquanto durar o paraíso do esquecimento.