segunda-feira, 14 de julho de 2014

O ÓSCULO

Foste amargo, lastimoso, ávido instante de plenitude. 
Miséria, e um pulso perdido em batidas, perdendo-se nas horas, inquieto, envolvia todo o instante que a cada instante se perdia.
Grandiosa volúpia que ardia a pele em pensamento e me matava a vida de magnificência.
Eu sentira a dor da cruz ao acordar e conceber aquela partida. Carreguei-a por toda Jerusalém de um dia e tal era o meu contentamento de por fim chegar ao calvário que não precisei de sequer um sopro de condolência.
Eu esperei. E esperei ainda frente ao teu corpo e tantos outros. Tivera concebido em sabe-se lá qual altura da vida que existia imensidão na madrugada e a sós. 
Existíamos nós. 
Aguardara a vida toda por aquele momento, mesmo tendo aguardado outrora por aquela mesma hora. Meu anfêmero, o que fizeste? Quântico tempo que existe e apenas existe e passa no fim da noite! Ei-lo sentado sempre aqui. Vejo tuas mãos a cavar os dias e nos enterrar neles. Vejo tua cara rindo do meu júbilo, e de fato, adoro, rimos juntos do que tu não podes mais matar. Apenas morro eu pela falta que me faz tu não parar e sei bem que morres tu por saberes que encontrei o espaço onde tua desgraça não está.