domingo, 26 de julho de 2015

CASA MEANS

A minha casa sempre foi uma zona: cachorro que late, pessoa que grita, vizinho que chama, parente que chega, papagaio que canta sempre a mesma música, geladeira comunitária, palavrão, pontapé, putaria.
A sua casa sempre esteve em ordem. 
A minha casa vive com rachaduras, luzes queimadas, pó sobre os móveis, cachorro no sofá, na cama, no meio do caminho...
A sua casa sempre esteve em ordem. 
A minha casa sempre esteve de portas abertas: para amigos, inimigos, conhecidos, estranhos, para você e quem mais você quisesse trazer.
A sua casa sempre esteve em ordem. 
A minha casa já foi cenário de briga, cenário de morte, cenário de choro, cenário de vela, de traição...
A sua casa sempre esteve em ordem. 
A minha casa também já foi cenário de festa de todos os tipos: aniversários, temáticas, fora de época, de última hora, de virar a noite, de encher a cara.
A sua casa sempre esteve em ordem. 
Na minha casa andam baratas, ratos, aranhas. Voam mosquitos (de todos os tipos), abelhas, borboletas e outra dia eu tenho a impressão de ter visto um morcego.
A sua casa sempre esteve em ordem. 
Na minha casa nunca se teve hora para comer, regra para comer, modos para comer.
A sua casa sempre esteve em ordem. 
Na minha casa tudo sempre foi real, verdadeiro, intenso, profundo.
A sua casa sempre esteve fora de ordem.
Na minha casa sempre houve amor, tudo foi resolvido por amor, tudo foi construído com amor, ela se ergueu em um alicerce chamado amor. 
A sua casa sempre esteve fora de ordem.
A minha casa é lar.
A sua casa é casa.