quarta-feira, 30 de outubro de 2013

PRIMAVERAS

Rueiro eu
despido e sem morada
um belo dia sou todo seu,
aposentei a minha espada

essa vida tão aguada,
esse leito espinhado...
-já cansei da madrugada-
no escuro é complicado

-mas o escuro é requintado,
até posso me virar-
lembrava sempre assegurado
de muitas birras pra lutar

e lutar e ser vencido
[nunca antes, porém agora]
estapeado, maltrapilho,
-se acostumar sempre demora-

e na demora erguendo choupana ,
ardendo as brasas pra se aquecer,
vendendo as planeias pra se manter,
se manter as custas do que se ama

vendeu até se apagar a chama
e seu orgulho não valer um vintém,
vendeu os livros, comprou uma cama
e lá dormia com seu ninguém

então pensava -é o que se tem-
as vezes via que nada tinha,
outras vezes queria plantar sua vinha
[sementes custam caro também]